quarta-feira, 21 de junho de 2017

Todos os dias são dia de yoga.


Feliz dia Internacional do Yoga  Na verdade, todos os dias são dias do yoga. A prática é para a vida, só assim teremos a possibilidade de viver o yoga. Vejo constantemente as pessoas á procura de bem-estar, equilíbrio, paz e harmonia, mas querem-no para ontem. Praticam como se a prática fosse uma pílula mágica, que vai trazer aquilo que buscam de um dia para outro.

Mas a prática não funciona assim, ela constrói-se aos poucos, com disciplina, consistência, determinação e devoção. É um processo que não pode ser acelerado, que tem de ser vivido e nutrido com carinho, presença, paciência e muita dose de aceitação. Na verdade a relação que construímos é a relação connosco próprios. Pois se num primeiro momento a prática é extremamente física, com os asanas e a respiração consciente, com o tempo ela torna-se inevitavelmente mais subtil e interna.

No processo tudo vem, e aos poucos tornamo-nos mais e mais conscientes de quem somos e do que fazemos aqui. A prática ajuda-nos a viver a vida de modo mais profundo e com mais sentido, mas é também a vida que traz sentido para a nossa prática. E esta evolução pessoal, este despertar de consciência vem, isso eu garanto! Mas só vem porque todos os dias são dias de yoga, todos os dias são dias de estender o tapete e praticar. Dedicar tempo a nós, a essa profundidade que existe em nós, na vida e no universo.

A prática é um acto sagrado que vem de há milénios atrás, ela não nos pertence, ela apenas existe e quanto mais cedo reconhecermos quão sagrada é, mais depressa ela faz a sua magia.

"Trust your teacher
Trust the method
Trust yourself"

❤ ❤ ❤

quarta-feira, 8 de março de 2017

Celebrando o Feminino

Hoje celebramos o Dia Internacional da Mulher. Que a comemoração deste dia, sirva cada vez mais para trazer à consciência colectiva os atributos do feminino tanto nos homens como nas mulheres. Porque se existiu ou existe a necessidade de celebrar o dia da Mulher, tal deve-se ao facto da energia feminina e os seus atributos terem sido completamente reprimidos e oprimidos por uma sociedade predominantemente masculina. Aquilo que o feminino representa, a intuição, o inconsciente, a sombra, as águas das emoções, o paradoxo, o processo, o yin, a lua, o prazer, foi negado; e as mulheres passaram a ser mães e filhas ou bruxas e doidas.

Durante séculos, certos atributos da energia feminina, foram recalcados para a sombra, e apenas "as virtudes" características do arquétipo da virgem, da esposa e da mãe foram aprovadas.  Ora isto deixou-nos num espectro da existência e experiência do feminino muito reduzido e sem qualquer salero. E os homens, e a sociedade, ao reprimirem a mulher, reprimiram o feminino em si também.

Temos vivido numa sociedade masculina, onde predominam as energias da mente, das metas e objectivos, das hierarquias. Uma sociedade yang, virada para fora, sem qualquer consciência do Ser e da sua inacreditável complexidade. Uma sociedade em desequilíbrio, pois o outro polo foi recambiado para a sombra, para o inconsciente colectivo e para as minorias.

Estamos numa época vital para trazer o feminino ao consciente. A Era de Aquário pede-nos isso mesmo, unir os polos, expressar-mos e vivermos a nossa qualidade de Seres inteiros que somos, expressando o feminino e o masculino em nós, cada um à sua maneira, sem estereótipos, condicionamentos ou programações. 

Por isso, o meu desejo para este dia, é que as mulheres e os homens aprendam a reconhecer e a expressar o feminino em si. As suas emoções, as suas luas, os seus paradoxos e ambivalências, que vivam mais o corpo e se abram ao prazer de viver. Que aprendam a viver e a exprimir todas as cores do arco-íris, não apenas aquelas que encaixam nas expectativas, seja ver a mulher reduzida ao papel de dona de casa, ou à empresária bem sucedida e que está ao nível dos homens, pois o Ser Humano é muito mais do que isso, é um Ser inteiro com várias cores e formas. 

Que vejamos que dentro de nós habitam inúmeras personagens e que quanto mais conscientes delas formos, mais rica será a nossa existência neste planeta. E não é para isso que aqui estamos? Para vivermos a nossa unicidade? Não é disto que se trata o Yoga? União entre sol e lua, masculino e feminino, yang e yin, mente e corpo. 

Shiva and Shakti are One ❤


segunda-feira, 6 de março de 2017

Um fim-de-semana mágico de Ashtanga Yoga com a Isa Guitana

No fim-de-semana passado, recebemos a Isa para 3 dias intensivos de Ashtanga Yoga, cânticos devocionais e muito mais. Não há palavras para descrever a emoção e a profundidade daquilo que se viveu.

No primeiro dia de workshop, a Isa guiou-nos nos fundamentos do Ashtanga Yoga. Relembrou-nos a importância da respiração, de como a prática do Ashtanga assenta numa respiração livre e consciente, que cria espaço e convida ao mergulho interior. Através da linguagem simbólica, ajudou-nos a conectar com os bhandas, o que nos permitiu dar um salto quântico nas nossas práticas e nos levou a reconhecer, ou relembrar, partes escondidas, ou menos conscientes, de nós próprios. Enraizou-nos no momento presente, para depois nos fazer voar durante o resto do fim-de-semana.

Com a sua voz e o canto dos Bhajans (cânticos devocionais da Índia) levou-nos directamente aos recantos da alma. As defesas do ego e os julgamentos da mente desarmaram-se e fomos conduzidos à essência, convidados a contemplar o êxtase da existência que habita no centro do nosso coração.

E assim arrancamos para as práticas Mysore...enraizados e despidos. Não admira que a partir daqui pura magia aconteceu, cada um no seu tapete, ao som da respiração do grupo e ao cuidado das mãozinhas da Isa, fomos mergulhando a pouco e pouco dentro de nós próprios. Nessa viagem de auto-descoberta, luz e sombra revelaram-se. Monstrinhos que precisam de colinho e amor, inseguranças, medos, dúvidas, frustrações, forças e poderes internos que até então estavam subestimados, foram trazidos à consciência. A prática do yoga é isto mesmo, uma viagem de auto-descoberta. E é lindo, não só de se viver, como de se partilhar.

E é na partilha que nos reconhecemos uns aos outros, reconhecendo que somos todos Um, que estamos juntos neste palco que é a vida, umas vezes caótico, outras vezes mais harmonioso, e que a serenidade e sabedoria da vida vêm pela aceitação daquilo que apenas é! Aquilo que cada microsegundo nos convida a experienciar. E se estivermos presentes e apanhar-mos o comboio, a magia do momento presente acontece, e o céu é o limite! Esta é a dádiva do yoga, o momento presente, o êxtase da simples e pura existência. E foi este o convite da Isa para este intensivo.

Para mim não há palavras para descrever quão mágico foi receber a Isa, não só pelos seus ensinamentos e pela sua presença, mas porque a existência do Coimbra Yoga deve-se muito há inspiração que ela e a Casa Vinyasa tiveram em mim desde a minha primeira prática. Gratidão e amor por nos termos cruzado (várias vezes) é o que canta o meu coração em relação a esta linda mulher.

A todos os que estiveram presentes e que fizeram acontecer, um profundo obrigada. ❤❤❤

sábado, 10 de dezembro de 2016

Solstício de Inverno


Com a chegada do inverno a natureza convidados a reflectir sobre os ciclo de vida - morte - renascimento. Desde o Outono a natureza tem vindo a ensinar-nos os mistérios do envelhecimento que conduzem à morte, é o deixar deixar ir. É o encontro com a morte e com a sombra. Quando nos permitimos largar o que já não nos serve, o que está velho, despimo-nos do que não nos pertence e permitimo-nos expor mais um pouco da nossa essência.

No dia 21 de Dezembro celebramos mais um Solstício de Inverno, a festividade a que os antigos celtas chamavam de Yule, um lindo festival que esteve na origem do Natal cristão.
 

Nesta época, despidos de falsos selfs, conectados com o nosso lado sombra e com a nossa vulnerabilidade, virados para o mundo interno, reflectimos sobre os mistérios da fé, aquecemo-nos no calor da chama que habita nos nossos corações. Abrimo-nos à compaixão, conectamo-nos verdadeiramente uns com os outros, pois sabemos que todos somos Um, que todos na essência somos iguais, que partilhamos os mesmos medos, os mesmos receios, as mesmas inseguranças, as mesmas esperanças, e que apenas o expressamos de modo diferente. E o reconhecimento dessa verdade une-nos e aquece as nossas almas.

As árvores estão despidas, as folhas secas nas ruas e nos passeios espelham as cores do envelhecimento e da morte da natureza. Com a chegada do menor dia do ano, vem o reconhecimento de que a primavera virá a seguir, o renascimento do Sol, e assim a natureza mostra-nos a sua essência cíclica, que nada mais é do que o reflexo de nós mesmos.


Vamos resgatar os rituais, vamos resgatar as celebrações, vamos trazer à consciência a influência que a natureza tem em nós, vamos ouvir o que ela tem para nos ensinar. Vamos celebrar a vida, vamos celebrar-nos uns aos outros. Vamos reconhecer que somos luz e sombra e aceitarmo-nos tal e qual como somos, sem pretensões ou máscaras, sem necessidade de agradar, apenas expressar a nossa voz, deixar que os ventos do Inverno nos guiem à pureza que existe no nosso coração.

Convido-vos a reflectirem sobre os ensinamentos do Inverno e a conectarem-se com a energia da estação.

<<>> Encontra um local especial no teu lar e faz um altar com aquilo que fizer sentido para ti. Podes colocar imagens, velas, incenso, cristais, tudo é possível. Lembra-te que esse é o coração da tua casa.
<<>> Diariamente senta-se ao pé do teu altar, cria um ritual de conexão contigo próprio, medita, escreve, pratica yoga, dança, canta, etc. Sê flexível e explora o que faz sentido para ti.
<<>> Reflecte e medita sobre como lidas com a morte.
<<>> Reflecte sobre as tuas crenças sobre a morte e sobre o que existe depois da morte.
<<>> Passeia e contempla a natureza, conecta com as suas cores, cheiros e sons.
<<>> Pratica a fé. Reflecte e medita sobre o seu papel na tua vida, quais são as tuas esperanças e de que maneira elas influenciam a tua vida.

No dia 21 de Dezembro vamos celebrar o Solstício de Inverno num lindo evento preparado para nos conectar-mos com a energia da estação. Mais info aqui https://www.facebook.com/events/1871166719779314/

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Outono

Da  nossa janela o Outono já se faz sentir com as suas inconfundíveis cores. Para mim esta é das estações mais bonitas do ano. O chamamento para o recolhimento interior, a caneca de chá e a mantinha sobre as pernas, fazem as delicias da minha alma.

O Outono ensina-nos a mudança, o deixar ir, o envelhecimento que inevitavelmente conduz à morte. A única coisa certa nesta vida é a mudança, a transformação. E quão grande é a nossa resistência a este simples ensinamento e mistério da vida e da natureza?

No passado dia 22 de Setembro, celebramos mais um equinócio de Outono, ou como chamavam os antigos celtas a festividade de Mabon. Dia e noite com a mesma duração convidando-nos a reflectir sobre o equilíbrio da vida, entre o dia (sol) e a noite (lua), entre o espirito e a alma, a mente e o coração. Celebramos e reconhecemos a passagem da estação da expansão, para a estação da introspecção. É o convite para a busca do equilíbrio, a procura da diplomacia e paz interior.

As diferentes cores do Outono mostram-nos a abundância da última estação. É a época das últimas colheitas e portanto, também tempo de celebrarmos a agradecer-mos a abundância que nos rodeia. É tempo de mudarmos o chip, em vez de focarmos a nossa atenção no que nos falta, focarmo-nos no estado de abundância que é o nosso estado natural de Ser. Abundância no mundo, nas nossas mentes, nas nossas vidas e nos nossos corações. É tempo de reconhecer, agradecer e honrar a abundância, os nossos talentos, a nossa vida.

Na mudança e transformação reina um dos maiores ensinamentos da natureza, esta é a essência da vida. É tempo de procurar equilíbrio e reflexão, para nos preparar-mos para a próxima estação, o Samhain, que marca o inicio de mais uma Roda do Ano. Festividade que consigo traz as bençãos da morte, do deixar ir e do resgate da sombra, e que iremos celebrar com o retiro de Yoga e Cura no fim-de-semana de 28, 29 e 30 de Outubro. Mais info sobre o retiro: https://www.facebook.com/events/1289661377745164/

Convido-vos a reflectirem sobre os ensinamentos do Outono e a conectarem-se com a energia da estação.

<<>> Passeia e contempla a natureza, conecta com as suas cores, cheiros e sons.
<<>> Reflecte e medita sobre como lidas com as mudanças na tua vida (sejam elas físicas, psíquicas ou emocionais).
<<>> Reflete sobre as tuas crenças e sentimentos relativamente ao envelhecimento.
<<>> Pratica a gratidão e conecta com a abundância que é o nosso estado natural.

domingo, 14 de agosto de 2016

Intolerâncias alimentares.

Há já algum tempo que me ando a queixar de alguns problemas digestivos; barriga inchada, cólicas e enjoos. Comecei a associar esses sintomas a alguns alimentos, como leite e trigo, e excluí-os da minha alimentação, mas os sintomas muitas vezes apareciam mesmo quando não ingeria esses produtos. Cheguei a fazer há mais de um ano uma endoscopia e ecografia superior, que não revelaram qualquer anomalia. Quando procurei ajuda médica, a resposta foi bastante desanimadora, vista como problemas "normais" receitou-me umas saquetas para a flatulência...Ora lá porque é comum...não quer dizer que seja normal!! Vamos lá começar a usar bem o português se faz favor!!Confesso que começo a ficar passada com a classe médica (não querendo desvalorizar o seu trabalho) deixam muitas vezes a sua intervenção a desejar... 

Numa atitude já de desespero, pois já andava com medo de comer (e atenção, que eu adoro comer, e como como gente grande!) sem saber se ia ficar mal a seguir as refeições, tem sido um jogo de roleta russa, resolvi fazer os testes de sangue para as intolerâncias alimentares, um teste que não se pode considerar barato. Infelizmente os resultados não me surpreenderam, tenho sensibilidade/intolerância alimentar a mais de 55 alimentos...!!! Coisas simples como batata, brócolos, arroz ou limão fazem-me mal, activam uma resposta inflamatória no meu sistema. Quem é que é intolerante a batatas?!?!! Enfim...trigo, leite, soja, milho como é obvio também estão na lista. 

A boa noticia é que finalmente posso eliminar o que me faz mal e começar o processo de cura do meu corpo. Com certeza será um desafio, mas a ideia de me curar, de recuperar energia e quem sabe eliminar a asma alérgica que se encontra na minha vida desde criança motiva-me para enfrentar o desafio com uma atitude bastante positiva. 

Agora resta-me repor a dispensa com os alimentos permitidos e ser criativa na cozinha, pois uma vida sem o prazer de comer não é vida!! E para minha felicidade as bananas, o chocolate e a aveia são exemplos de alimentos com carta verde ;)) 

❤❤❤

sábado, 23 de julho de 2016

Conflitos internos e a cura pelo amor.

Quando começamos a busca do auto-conhecimento, da expansão da consciência, quando começamos a meditar, a praticar yoga e a observar o nosso discurso interno, apercebemo-nos da quantidade de vozes e desejos contraditórios que habitam dentro de nós. Freud chamou-os de conflitos internos, entre o inconsciente e consciente, entre id e super ego. Essa é a base para o ser neurótico.

Convenhamos, a nossa sociedade é perita em criar neuróticos, é o seu produto!...e portanto não nos admiremos com a quantidade de eternos insatisfeitos que por aí deambulam perdidos de si mesmos. A sociedade e o seu subproduto, as pessoas, não querem saber das verdadeiras necessidades internas de cada um, que se diga de passagem...são as mesmas para todos! Essencialmente amor e por consequência auto-realização.

Mas o amor não existe. O verdadeiro amor, esse infelizmente, não existe. Existe amor condicionado, existe expectativas, exigencias. Mas amor puro, amor livre, amor em movimento, esse é raro...O bebé nasce já com projecções e desejos não cumpridos dos seus pais e familiares, que se não são correspondidos pelo pequeno, sente que não é digno de amor. Cria-se então uma maneira de Ser para que se seja amado, que não seja egoísta, que não seja diferente, que seja tudo o que "sonhei para ti". A criança aprende então as normas convenientes para se estar em família e em sociedade, e o seu verdadeiro Ser, com as suas particularidades, com as suas necessidades, com as suas individualidades, talentos escondidos, cores e vibrações especificas ficam cada vez mais esquecidas...e o Eu perde-se de si próprio.

Mais tarde surgem crises, depressões, desesperos, desajustamentos que não se entendem porque foi tudo sempre tão "certinho" e correcto, como manda a lei. Mas a pessoa sofre. Sofre porque está perdida, não sabe quem é, é subproduto, a quilometros de distânica de si. Sofre porque começa a ouvir vozes que vão contra todas as outras vozes, que inicialmente eram externas, mas agora são internas, e bem más! Autênticas "cabras" (desculpem-me a expressão) internas. Sofre porque tenta seguir a voz do seu coração mas sente-se sozinho, abandonado e/ou castrado.

E assim nascem os conflitos internos, entre aquilo que eu Sou, aquilo que acredito, aquilo que é a minha verdade, e minha essência, e aquilo que me ensinaram a ser. Na verdade é tudo confuso, e como a mente não pára nunca o seu discurso interno, instala-se uma verdadeira batalha, que nos custa a saúde e energia vital. A cura é só uma, e com riscos de soar a clichê ou a caretices, é o amor. Amor puro, amor de pura aceitação do Ser. Aquele amor que a mãe não soube dar a si própria e por consequencia não soube dar ao bebé.

É em cada um de nós que está a cura. Caba-nos a nós dar amor. Amor sincero, a nós próprios e aos outros. Aceitar cada um como é, cada história, cada caminho. Começando por aceitar as vozes que surgem, mesmo as mais feias, as de que menos gostamos, pois são essas as que precisam de mais amor, pois são as mais sofridas. Não é fácil ouvi-las, surgem tão rápido que mal da-mos por elas, temos de estar atentos e vigilantes.

É por isso que todas a práticas falam de meditação, atenção plena, para que possamos começar o processo de aprender a amar. Amar e aceitar o que venha, o que surja de lá de dentro, sem expectativas, sem o "não é suposto" ou o "não é normal". Afinal quem sabe o que é normal? Quem é o dono da verdade ou o que é a verdade?